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RECUPERAÇÃO DO VALOR DO ALUGUEL RESIDENCIAL PROVOCARÁ RENEGOCIAÇÕES COM OS INQUILINOS – (HOJE EM DIA)

   Conforme os dados da FipeZAP, os preços dos aluguéis residenciais em Belo Horizonte aumentaram em 20,01% no ano de 2022, tendo superado a média nacional de 16,55% e o triplo da inflação de 5,79% medida pelo IPCA/IBGE. Até mesmo o IVAR confirmou a disparada dos aluguéis tendo acumulado 15,09% no período out/21 a set/22 e fechado o ano de 2022 com a alta de 11,31%.

   O mercado está se recuperando do período de baixa que perdurou até 2020, quando em muitos casos o aluguel girava em torno de 0,35% do valor de venda do imóvel, o que afastou o investidor. Essa anomalia, embora tenha beneficiado os inquilinos, gerou o desinteresse pela compra de imóveis para locação, pois o mercado financeiro estava mais atrativo.

Cenário pós pandemia aumentou a demanda de inquilinos

   Com a redução da oferta de moradias e a retomada das atividades laborais, reabertura das escolas e faculdades, o cenário se modificou: houve aumento da demanda e, com isso, a alta dos preços.

   Assim, nada mais natural que os preços das moradias subirem bem acima da inflação como demonstram os dados da FipeZap, justificando a postura dos locadores em exigirem o realinhamento do valor do aluguel que esteja abaixo do preço de mercado. A renegociação é aceita pelos inquilinos que ao pesquisarem as ofertas de imóveis vagos constatam que realmente estão pagando menos que o valor justo.

   No caso de falta de entendimento para o locador surgem duas alternativas: retomar o imóvel que esteja com o contrato por prazo indeterminado ou requerer a revisão judicial do aluguel com base no art. 19 da Lei do Inquilinato. Essas providências geram muitos ônus para os inquilinos, o que acaba estimulando-os a fazer um acordo para manter a locação.

Aluguéis serão alvo de revisão para melhorar a rentabilidade

   Com a Selic em 13,75% ao ano estimulando a aplicação nos CDBs, tornou-se necessária a recuperação da rentabilidade dos aluguéis, sendo que muitos apartamentos e casas já estão rendendo até 0,6% do valor venal, o que representa uma remuneração em torno de 7,2% ao ano. O atual cenário motiva os locadores e imobiliárias a solicitarem dos inquilinos uma revisão do valor atual do aluguel diante da evidente defasagem.  Essa negociação é comum no mercado, sendo interessante para o inquilino aceitar o preço conforme a que vem sendo pedido pelos imóveis vagos, disponíveis para locação. Assim evita despesas com mudança e com novos investimentos na adaptação da nova moradia, caso opte pela desocupação.

   Milhões de apartamentos e casas foram locados no período de 2017 a 2020, período que os aluguéis estavam em baixa. O mercado imobiliário é cíclico, oscila conforme a lei da oferta e procura e não tendo ligação direta com nenhum índice que mede a inflação. Com a redução da oferta e a alta da demanda o preço dos aluguéis continuará superando a inflação em 2023, pois somente assim estimulará o retorno do investidor.

Por qual razão a inflação do aluguel é mais alta em BH

   Em Belo Horizonte a pressão por aumentos é maior diante da baixa produção de novos imóveis para locação, especialmente diante do Plano Diretor que reduziu o Coeficiente de Aproveitamento de 2,7 vezes para 1.0 a área do terreno, o que onera as novas construções em BH com a cobrança de valores elevados a título de outorga onerosa para quem construir acima do Coeficiente de Aproveitamento do terreno.

                       

Belo Horizonte, 06 de fevereiro de 2023.

 

Este artigo foi publicado na Jornal Hoje em Dia.

 

Acesse o link para baixar o PDF do artigo publicado.

 

Kênio de Souza Pereira

Conselheiro da Câmara do Mercado Imobiliário de MG e do SECOVI-MG.

Diretor Regional em MG da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário – ABAMI

kenio@keniopereiraadvogados.com.br