A utilização exagerada do WhatsApp motivada pela sensação de urgência e falta de reflexão tem acarretado ansiedade, confusão entre familiares, amigos, clientes e nos negócios, pois muitos que enviam mensagens imaginam que o receptor está à disposição dele, que não têm outras ocupações e que ele é capaz de decifrar frases curtas e mal elaboradas, símbolos e emojis, ficando irritado ao não ser respondido com rapidez. Nas relações comerciais sua utilização exige maior cuidado, pois a comunicação equivocada acarreta perdas que geralmente são difíceis da direção da empresa perceber.
O WhatsApp é uma ferramenta maravilhosa, que ajuda na maioria das profissões, mas que gera problemas em algumas relações. Há pessoas que têm receio de enviar áudios, por saber que algumas são impacientes para ouvir, que não abrem ou se tiver mais de um minuto acham excessivo, sendo que o áudio tem o benefício de passar as emoções.
Quanto as mensagens digitadas há prejuízos com a utilização do português pobre, por focar uma comunicação rápida, a dificuldade de interpretar. Entretanto, é possível passar a emoção num texto bem escrito, mas sendo longo é visto com reservas.
Constata-se que essa ferramenta virtual é, às vezes, usada para esconder a timidez, encurtar caminhos e acaba por deteriorar relações, sendo importante os contatos pessoais, bem como a ligação telefônica para tratar assuntos mais relevantes. Por outro lado, o atendimento on-line facilita os contatos com quem está distante, agiliza soluções, o que é muito bom, desde que utilizado de forma racional.
Nos atendimentos médicos ou psicológicos a falta de contato pessoal pode gerar maior dificuldade para o profissional compreender o paciente, deixando de ser observado os trejeitos, o comportamento dele. Na medicina a consulta por meio de mensagens digitadas traz a perda grande no diagnóstico e consequentemente no tratamento, pois só o tom da voz já dá uma ideia do grau de urgência, sendo tal prejuízo sentido em outras atividades, como na advocacia que percebemos dados ocultados nas conversas presenciais.
A praticidade do WhatsApp tem distanciado as pessoas ao dar uma falsa ideia que suprir o encontro presencial, além de gerar em algumas pessoas um sentimento de rejeição ou raiva por não conseguirem obter uma resposta, mesmo que essa não seja importante. É ignorado que as pessoas estão sobrecarregadas por receber centenas de mensagens e, assim, não conseguem responder, ou que, apesar de desejar responder, ao deixar para depois, esquecem.
Ficar o tempo todo checando mensagens no celular é desgastante, sendo que o ideal é reservamos alguns momentos sem contato com o celular, para evitarmos a perda de concentração, que é fundamental para nossa qualidade de vida. A conversa “olho a olho” é importante para o esclarecimento de dúvidas, sendo que a troca de ideias sobre questões relevantes melhora e aprofunda as relações e isso não pode ser substituído pelas mensagens que contribuem para a superficialidade dos contatos.
Belo Horizonte, 07 de março de 2024.
Artigo resumido publicado no Jornal O Tempo.
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Kênio de Souza Pereira
Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis
Conselheiro do Secovi-MG e da Câmara do Mercado Imobiliário de MG
Representante em MG da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário – ABAMI
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