Você já se perguntou Quanto vale meu trabalho? Salário ou renda decorre do que você produz
Quanto vale meu trabalho? Muitas pessoas questionam isso. Milhares de profissionais saem da faculdade com pretensões de obter grandes rendimentos em pouco tempo, pelo simples fato de terem concluído o ensino superior ou pós-graduação. Ignoram que o mundo mudou, que não há como pagar salários elevados sem que aja efetiva produção e resultado. Pensam que o mundo mágico dos concursados do setor público não tem fim. Riqueza decorre da produção e obviamente não há milagre que justifique alguém ganhar bem sem entregar resultado e lucro. Essa é a realidade e não adianta achar que o fato de possuir tantos títulos e diplomas o faz ter direito a receber um bom rendimento.
Em 2016, o SEBRAE divulgou que 71% dos empreendedores do Brasil ganha até 3 salários mínimos (R$2.811,00), tendo o IBGE, no PNAD 2016 apurado a média real domiciliar per capital no Brasil em R$1.242,00. Em decorrência da desinformação, constatamos administradores de empresas, contadores, advogados, engenheiros e diversos outros profissionais, inconformados com a falta de empregos ou com uma remuneração que entendem ser muito baixa. Mas, como uma empresa (a maioria fatura menos de R$5.500,00) que é criada por uma pessoa como eles poderia suportar pagar altos salários se nem o proprietário fatura o que o pretendente ao emprego deseja?
Meios de aumentar seu rendimento
Muitos que estão empregados não percebem que, caso lutasse pelo crescimento da empresa, criariam meios de aumentar seu rendimento. Em nada contribui trabalhar com desinteresse, sem respeito aos horários e prazos, sem se preocupar em obter novos clientes e trabalhos para a empresa que lhe proporciona recursos para seu sustento. Com essa atitude atrasada, vemos as empresas patinando, com profissionais que não aprimoram seus conhecimentos por acharem que se lutarem e se interessarem pelo bem da empresa, estarão “enriquecendo o dono”. O resultado dos que têm visão limitada é a baixa produtividade, a repetição de erros que geram prejuízo, a perda de clientes e de negócios e a impossibilidade de a empresa gerar rendimentos para remunerar melhor a equipe.
Quem não tem talento critica quem se destaca
Alguns, talvez por preguiça ou saberem da sua limitação, qualificam com escravo quem trabalha muito, mas ignoram que os profissionais bem-sucedidos têm satisfação em dedicar mais tempo ao trabalho do que a maioria das pessoas, inclusive aquelas que ficam horas do expediente laboral focado no Facebook, WhatsApp e Instagram. É justamente por isso que se destacam e auferem renda melhor do que a maioria dos trabalhadores, pois não ficam reclamando ou criticando do mundo como se constata nas mídias sociais que dão espaço a manifestações lamentáveis, que expõem o despreparo e a falta de amadurecimento.
Se está insatisfeito abra sua empresa
O recente desaquecimento da economia e o aumento do desemprego fez muitos profissionais entenderem essa realidade. Perceberam que poderiam estar bem mais preparados para enfrentar o mercado de trabalho se agissem como “donos”. Dinheiro não cai do céu! Fazer funcionar um boteco, uma lojinha ou um escritório é um desafio, pois o Brasil maltrata quem luta para abrir uma empresa, já que mais de 30% do que se recebe dos clientes é destinado aos tributos. Mas os empregados só percebem isso quando se aventuram a abrir a empresa deles e aí entendem como é difícil pagar uma atendente ou secretária, além do aluguel, luz, custos operacionais, impostos, encargos trabalhistas, dentre outras despesas que faziam questão de não saber. E aí vemos o empregado que abriu sua empresa aprendendo que o que sobra de lucro é bem pouco, a ponto a maioria fechar a empresa em menos de dois, conforme as pesquisas oficiais.
Patrão e cliente não são pais do trabalhador
No mundo real quem entende que tem que lutar bem mais que oito horas por dia, que os clientes (e a patrão) têm pavor de cobrar pelo que foi contratado, que fazer o trabalho certo e rápido não é favor, mas sim, o mínimo que se espera, tem entendido que seu trabalho vale o resultado que ele dá, conforme a sua competência. Não é mais aceitável o profissional pensar que deva ser tratado como um filho, pois a empresa simplesmente perde o cliente e consolida prejuízo se este for atendido de maneira insatisfatória.
Quanto mais rara for a forma de trabalhar, que resulta da inteligência e pré-disposição em realizar mais do que os que são acomodados, maior será a valorização do profissional, pois fazer o que todo mundo faz, sem qualquer diferencial, é o que justifica o fato da maioria dos salários serem abaixo do desejável.
Belo Horizonte, 25 de janeiro de 2018.
Esse artigo foi publicado no Jornal O Tempo.
Kênio de Souza Pereira
Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG
Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis
Professor da pós-graduação da Escola Superior de Advocacia da OAB-MG
Conselheiro da Câmara do Mercado Imobiliário de MG e Secovi-MG
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