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NEGÓCIO IMOBILIÁRIO TEM RISCO ALTO QUANDO É FEITO COM PRECIPITAÇÃO

Emoção e precipitação aumentam os riscos do negócio imobiliário

   Negócio imobiliário deve ser feito com cautela e o acompanhamento de um especialista. É intensa a carga emocional presente na aquisição de um imóvel, que muitas vezes, representa a realização de um projeto de vida, sendo preocupante o fato de a maioria das pessoas desconhecer a complexidade dos documentos, leis e dos contratos que podem mudar toda a ideia do negócio em apenas uma linha. Há ainda a pressão que o vendedor, o corretor ou até mesmo os familiares exercem para que o comprador faça o negócio rapidamente, resultando no fechamento precipitado de uma transação que exige reflexão, especialmente na caso de unidades na planta, pois a construtora elabora o contrato que  protege especialmente os interesses dela.

   Todo negócio imobiliário é complexo e no caso de dúvidas é aconselhável consultar um especialista que não esteja ligado diretamente ao negócio. Confiar cegamente na orientação de quem depende da conclusão do negócio para ser remunerado consiste numa ingenuidade. O ideal é que o advogado especializado seja remunerado independentemente da conclusão do negócio, pois seu trabalho visa proteger quem o contrata, que pode ser o vendedor ou o comprador. Sua orientação pode ser no sentido de que não é viável efetivar a transação diante de algum risco e assim o seu custo de contratação será insignificante ao evitar o prejuízo que uma rescisão contratual acarreta, pois gira em torno de 20% a 60% do preço do imóvel. 

O perigo da falta de compreensão da matemática financeira

   Muitas pessoas não dominam a matemática financeira e assim são iludidas a se endividarem por décadas, pois não entendem como funciona o contrato que pode conter surpresas. Prova disso são os milhares de mutuários correndo o risco de perderem suas casas alienadas fiduciariamente com um saldo devedor que nunca abaixa, já que a prestação de valor baixo não amortiza a dívida.

É preciso controlar a ansiedade

   É comum o comprador descobrir que não tem condições de adquirir o que inicialmente imaginou, somente após visitar vários imóveis, o que lhe causa desgastes e frustrações, aumentando sua ansiedade. No momento que o comprador encontra o que sonhou, quer que tudo dê certo. Alguns compradores, de maneira ilógica, se sentem constrangidos em pedir os documentos que são essenciais para que eles tenham segurança. Ante a isso, erram ao rejeitar a orientação de que devem pesquisar a documentação e a situação do vendedor para reduzir os riscos, além de deixarem de redigir o contrato de promessa de compra e venda de maneira a tornar o negócio seguro. Já o vendedor, que tem algo a esconder e habilmente cria obstáculo para mostrar os documentos e equilibrar o contrato, fica contente ao constatar que o comprador contou apenas com a sorte e a fé, tendo rejeitado a experiência e o profissionalismo que são valorizados pelos construtores, banqueiros e empresários bem-sucedidos.


Kênio de Souza Pereira.

Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis.

Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG.

Conselheiro da Câmara do Mercado Imobiliário de MG e do Secovi-MG.

keniopereira@caixaimobiliaria.com.br