VALORIZE ONDE MORA, ESTIMULE A HARMONIA COM SUA POSTURA
Deveríamos fazer uma reflexão: mudaria para esse prédio se tivessem vizinhos que agem como eu e meus familiares? Sou uma pessoa bem intencionada, que respeita os direitos dos outros sem que estes tenham que me chamar a atenção?
Diante do compartilhamento das áreas comuns e de lazer dos prédios, torna-se imperativo que as pessoas se coloquem no lugar dos vizinhos, avaliem constantemente se sua atitude não fere o direito alheio, se seus atos são motivados em prol do bem estar do ambiente onde vive, pois assim terá o direito de exigir que seu sossego e segurança sejam respeitados. Na prática, quem é bem educado e racional não precisa estudar convenção e nem regimento interno, pois sabe respeitar limites.
Deixar de arrastar móveis e de andar de salto alto tarde da noite, não realizar festas com som de alta intensidade, não fumar em locais impróprios de forma que a fumaça invada outros ambientes, dar descarga no sanitário durante a madrugada com mais cuidado e adestrar os cães para deixarem de latir em excesso e evitar que gerem incômodos, facilitam a convivência.
É inadmissível alguém ter que reclamar porque alguém invadiu a sua vaga ou danificou as laterais do seu automóvel ao abrir as portas sem qualquer consideração com os danos que provocam. Respeitar o espaço alheio é o mínimo que se espera de quem opta por residir num condomínio.
O lar é sagrado, pois compramos um apartamento para ter alegria, que decorre dos contatos com vizinhos respeitosos e prestativos. É muito bom saber que caso tenhamos um problema grave de saúde e estando sozinho em casa poderemos contar com o vizinho para nos socorrer.
Por outro lado, é triste vermos um novo morador ser surpreendido logo na primeira assembleia de condomínio diante da atitude de alguns, que mostram o “lado negro do ser humano” ao se manifestar com o intuito de ofender, desagregar ou levar vantagem financeira em prejuízo do vizinho. A divergência de ideias e a pluralidade de opiniões devem contribuir para o aperfeiçoamento da decisão. É lamentável a troca ríspida de argumentos, a ponto de uns virarem as costas para o outro quando seu interesse não é acolhido pela maioria.
Devemos ser gentis, buscarmos o entendimento e, se possível, cultivarmos bons amigos, pois dar força às posturas mesquinhas ou maliciosas acarreta o desinteresse pelo edifício, a ponto de desvalorizá-lo e desejar ir para outro lugar.
Os atritos refletem no nosso íntimo, e ao final, prejudicam nossa saúde. É importante evitá-los por meio do diálogo, devendo a reclamação sobre uma atitude ser bem recebida, pois não se trata da pessoa e sim de um ato que talvez seja inconsciente, sendo sábio evitar sua repetição.
A rejeição ao ouvir o outro ou a postura defensiva destrói o bom entendimento, isola as pessoas e estimula o radicalismo. Devem a sensatez, a moderação, a solidariedade, a justiça, o bem-estar coletivo, a honestidade (em especial no rateio das despesas) e a busca pela paz serem os condutores de nossas conversas num condomínio, pois devemos fazer do nosso lar o melhor lugar para se viver.
Num condomínio bem sucedido as pessoas evitam colocar para locação ou venda o seu apartamento, tem alto valor, o qual dinheiro nenhum compra. Não tem preço podermos cumprimentar com um sorriso nossos vizinhos que encontramos nos corredores e nos elevadores do prédio, especialmente se os elevamos à categoria de amigos. Tal clima faz bem à saúde e às nossas relações familiares.
Kênio de Souza Pereira
Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG (2010 A 2021)
Vice-presidente da Comissão Especial de Direito Imobiliário da OAB Federal
Diretor Regional em MG da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário
Conselheiro do Secovi-Mg e da Câmara do Mercado Imobiliário de MG